Meu primo se formou.
Semanas depois da apresentação do tcc, veio a colação de grau pra oficializar o fim do ensino superior. E já começa chata por aí, cerimônia e oficial são palavras que fazem passar o filme do brega na cabeça de qualquer um. E o filme do tédio também. E o do brega X tédio (no final, eles percebem que seu destino é permanecerem juntos).
Lá fui eu, clube chique, Ibirapuera, engravatados, roupinhas de formando, decoração medonha com panos coloridos, flores e tapete vermelho. Lindos cenários para fotografias no fundo do salão.
Entrei, sentei na cadeirinha de plástico-festa-de-formatura com paninho-colorido-de-formatura por cima para disfarçar. A música bombava. Lá na frente, uma mina toda arrumada e um mano igual ao Maradona cantavam só clássicos. Vanessa da Mata aqui, O Rappa ali. No início da coisa toda, uma música religiosa para… não sei pra que. Depois abraçaram de novo a Ivete Sangalo e mandaram ver. Eles e aquele mestre de cerimônias que era louco para falar bonito, emocionar parentes e tornar o momento único.
Careta.
Mas quem vai numa colação de grau e espera um evento interessante, né? Tá certo que é mó desperdício, ainda mais contando que os formandos eram todos de cursos de artes, mas imprevisível nunca foi. O problema é que, não sei por onde começou, mas forma e conteúdo são exagerados, frescos e cobertos por uma pompa podre. Pobres garotos e garotas formandos respiram esse maldito ar solene e começam a se comportar como seus avós terminando a escola de engenharia. Ou bisávos. Ou direito.
Sério, maldição. Pra que aquela história de “foi muito difícil conseguir (…) tantas noites mal dormidas (…) apoio dos colegas (…) conhecimento que vamos usar a vida toda (…)”. Pô, primeiro que a faculdade não é senhora do conhecimento. Depois, tão difícil assim? Noites mal dormidas? Bebedeiras, trabalhos nas coxas, faltas, e a arte de enrolar professores ninguém lembra. Sem desmerecer o feito, que realmente tá lá, mas pega esse diploma, coloca embaixo do braço e vamo aí.
Coroa.
Ponto alto da história é a participação de uma vovozinha simpática, escolhida para ser homenageada. Não entendi direito o porquê, mas tiraram a velhinha sorridente do seu lugar e mandaram a coitada pegar flores lá na frente. Bem do lado do Maradona. Emocionada? Feliz pelo neto? Diz aí, vovó: “Ai, meu deus, olha o que vocês aprontaram comigo”.
No tapete vermelho, caminho de volta: “Socorro. Me salvem!”. Ela via a palhaçada.
E a plateia aplaudia com os olhos marejados a vovó e o buquê caminhando até sua cadeira branca.
Agradecimento do professor blablabla-principal-eu-sou-foda. Champagne no palco. Sobe música. Chapeuzinhos pra cima.
Na saída, consegui tirar minhas últimas fotos pra aproveitar o cenário bonito. E vazei prum jantar delicioso.